Arquivo da tag: maranhão

Poética fina

Bruno Batista, tanto cá, quanto , um grande compositor brasileiro; o cantor lança novo álbum, hoje (30), no Teatro Arthur Azevedo

POR RICARTE ALMEIDA SANTOS*

Além do talento extraordinário como compositor, condição que o coloca entre os melhores dessa nova geração de compositores  brasileiros, Bruno Batista faz dessa sua capacidade criativa um outro talento especial.  A cada disco que lança, esse jovem cantor e compositor, se torna mais “incômodo” aos ouvidos já acostumados.

Quando, em 2004, recebi de suas mãos, o demo de seu primeiro disco, homônimo, confesso minha estranheza imediata ao ouvi-lo. Tudo parecia novo, estranho, diferente, uma poética, uma sonoridade que incomodavam. Admito, tive que escutá-lo diversas vezes até começar a assimilar os conceitos, a estética proposta, a poética fina do Bruno. O disco me tirou do lugar confortável, do mero entretenimento.

Sobre esse disco escrevi, na época, um artigo para o jornal Diário da Manhã, intitulado De Zeca Baleiro a Bruno Batista… ainda bem que ‘eu não ouvi todos os discos’. Aquele texto, que não tinha lá grandes pretensões, acabou por abrir um debate sobre a produção e o cenário da música popular no Maranhão.

Debate que me fez refletir mais sistematicamente sobre, numa dissertação, recentemente defendida no programa de pós-graduação “Cultura e Sociedade”, da Universidade Federal do Maranhão, sob o título Música Popular Maranhense e a questão da identidade cultural regional. Nada de extraordinário, mas trata-se de um esforço ensaístico de uma compreensão, das muitas possíveis, sobre a nossa música, buscando ir além do ufanismo que sempre fez parte do nosso discurso.

A música do Bruno é assim, nos coloca em movimento, nos faz refletir, além da beleza, do entretenimento que desperta.

Depois veio o Eu não sei sofrer em inglês (2011), seu segundo CD. Trabalho que inaugura a estada de Bruno Batista em São Paulo, após cinco anos morando no Rio.

Na capital paulista, trabalhando com novos parceiros e músicos, gente arejada e antenada como Guilherme Kastrup, Chico Salem, Marcelo Jeneci, Gustavo Ruiz, Rubi, Zeca Baleiro, Tulipa Ruiz, dentre outros, Bruno dá vazão a toda sua verve criativa. Percebe-se que o compositor, o poeta, o músico, enfim, o Bruno Batista criador respirou novos ares, ficou mais a vontade, sentiu-se mais em casa.

O ambiente cosmopolita de São Paulo definitivamente colocou Bruno Batista numa outra atmosfera criativa, em um novo ritmo de produção. Tanto é que o intervalo do segundo disco  – Eu não sei sofrer em inglês – para o terceiro – (2013) – , ambos feitos em São Paulo,  foi bem menor em relação à demora entre o primeiro – homônimo – e o segundo; depois, a concepção estética desses dois último CDs revelam a ambiência pluralíssima que a cidade de São Paulo suscita no jovem artista. Um mundo absurdo de influências, sonoridades, ritmos, novas tecnologias, ruídos, cores, movimentos e culturas.

São Paulo, um verdadeiro caldeirão multicultural que, ambientando um jovem poeta e músico talentoso e inquieto, ávido pelo novo, por vezes da ternura, noutras melancólico, mas também da alegria, originário de um Nordeste rico em tradições culturais, em ritmos, folguedos e referências musicais e poéticas consistentes, em permanente processo de ebulição cultural, lhe fornece alguns dos ingredientes e a temperatura necessários para um processo de criação instigante e provocador.

, assim como os outros dois primeiros, mas, mais parecido com o segundo, traduz esse perfil de um artista contemporâneo, um compositor do mundo, sem ter que abrir mão de suas ancestralidades identitárias, de suas cidades que são muitas e múltiplas.

Veja que Bruno canta coisas do seu chão, desde o primeiro disco até neste ,  mais recente, sem fazer uso de um discurso de exaltação. Elas aparecem com sutileza, numa palavra, numa rítmica, meio que incidental e, ao mesmo tempo, soando absolutamente natural, como se fosse o sotaque de sua música em conversa, que vez por outra insiste em aparecer, tornando o novo, que nos sugere, também algo familiar, que nos arrebata pelo toque de sutileza, originalidade e sofisticação.

Bruno Batista segue em inventando e reinventando formas, jeitos, versos e ritmos de abordar o que nos é universal e, por isso também, nos é identitário, posto que temos os pés cá, no chão, no terreiro, mas a cabeça , no mundo, no cosmos, que acontece em movimentação permanente pra cá e pra , sem uma determinação única.

SERVIÇO

O quê? Show de lançamento do álbum , do cantor e compositor Bruno Batista.
Quando? Hoje (30), às 20h30.
Onde? Teatro Arthur Azevedo.
Quanto? R$ 30 (plateia e frisa) e R$ 25 (camarote, balcão e galeria). Ingressos à venda no jornal O Imparcial (Renascença II), Bar do Léo (Vinhais) e na loja Play Som (Tropical Shopping).

*Ricarte Almeida Santos é sociólogo e radialista, gestor cultural e mestre em Cultura e Sociedade pela Universidade Federal do Maranhão. É produtor e apresentador do programa Chorinhos e Chorões da rádio Universidade FM.

[texto publicado no caderno Impar, O Imparcial, hoje (30)]

O EXERCÍCIO DA MEDICINA NO BRASIL: ESTRUTURANDO PODER E MISÉRIA.

ImageImage

Ser médico no Brasil é condição de poder.

Daí, toda a pressão e lobby das “organizações de corpo” contra a vinda de médicos estrangeiros para o Brasil.

Todos e todas sabem da negligência histórica, de décadas, séculos a fio, dos governos com a saúde pública neste país, uma realidade clara e concreta, insuportável.

Faltam postos de saúde, hospitais, mas também faltam médicos, medicina preventiva, enfim, falta uma política pública de saúde, efetivamente.

O quadro de miséria que se abate sobre o nosso povo, e eu falo do Maranhão, faz com que os mais empobrecidos e empobrecidas, principalmente mulheres e crianças, morram à míngua, jogados num quarto pobre, muitas das vezes insalubre de casebres de taipa ou de pau a pique, de palha, de chão batido, sem nem mesmo ter chance de chegar a um hospital; ou de um médico lhe fazer um visita, antecipando-se ao hospital.

Em um quadro como este não é sem motivos, no interior do Maranhão, que o “exercício da medicina”, tenha se transformado numa outra forma – e eu nem diria moderna, diria cruel, vil – de exercício do mandonismo, de “coronelismo”.

Na ausência de políticas públicas de saúde, na carência absoluta de nossa gente, como atestam os indicadores do PENUD/IPEA, ser médico no Maranhão é sinônimo de poder também político.

Não é coincidência o alto número de médicos que são ou que viram prefeitos de uma hora para outra.

E nem assim, nos municípios onde estes atuam, o quadro da saúde é menos ruim. Quase sempre essa situação – médicos prefeitos – anda aliançada com a corrupção e com a negligência com a saúde pública. Prefeitos podres (mas podres mesmo) de ricos e povo desassistido.

Acredito que o debate, aberto com advento do “Mais Médicos”, enseja uma reflexão profunda na escola de medicina, sobre o natureza da formação dos nossos profissionais da saúde, sobretudo, na universidade pública, paga com o suado dinheiro do povo brasileiro, inclusive, dos mais pobres, que, aliás, é quem paga imposto no Brasil, portanto, é quem paga a conta.

Fazer da medicina um mero negócio ou um canal para o mandonismo político nas cidades do interior, parece ter sido a “receita do sucesso” dos profissionais da medicina. É claro que têm exceções. Conheço muitas delas. Falo do geral, do que predomina. A gente não vive pelas exceções!

Ser arrogantes, tratar os pacientes com descaso, receitar sem nem mesmo olhar o rosto dos pacientes, não cumprir os horários nos consultórios, usar dedos de silicone pra registrar presença em falsos plantões, fraudes outras, incontáveis, ao erário público também tem sido práticas muito recorrentes.

Não me lembro de pronunciamento, de campanhas zelosas do CRM contra a corrupção na saúde, contra as distorções médicas, em favor da medicina pública, acessível, enfim… Por onde andavam os “republicanos” CRM’s ?

Precisamos de uma formação médica direcionada para a vida, para o ser humano.

Em um estado como o Maranhão já seria a ‘salvação da lavoura’ de nossa gente. A medicina preventiva, o médico da família já reduziriam em muito as filas nos hospitais, a número de ambulâncias para os maiores centros.

Me parece que a preocupação maior é com o espírito de porco, digo, de corpo e menos com a vida, com a pessoa.

Que faltam hospitais, faltam; que faltam postos de saúde, faltam; que faltam equipamentos, faltam. Mas os médicos são formados não são para hospitais, são para as pessoas.

Com menos corrupção, com mais médicos, os hospitais, os equipamentos seriam uma consequência. O que o governo federal sinaliza não é tudo, está longe do ideal, do que a sociedade precisa, mas pode apontar um caminho em vista de uma política pública de saúde. O quadro da saúde pública e do sistema de saúde, do exercício da medicina, está estrangulado. Algo teria que ser feito.

O”Mais Médicos” ainda parece ser pouco diante do muito que historicamente nos foi e é negado, mas pode ser o ponto de partida para enfrentar uma situação que, sob o ponto de vista da medicina, é endêmica, na medida que é uma doença de natureza da formação; sob o ponto de vista sociológico, é estrutural e estruturante, na medida em que tem servido para a concentração de poder político e riquezas, acentuando, de maneira vil, a miséria e a desigualdade.

Morre Neiva Moreira (1917 – 2012)

Neiva Moreira (1917 – 2012)

Maranhão sem governo: um Estado de coisas!

Roseana Sarney, governadora deste estado de coisas!

Mais uma barbaridade!;  as  investigações não descobrem os assassinos!; assessore do TJ são presos por suborno! Manchetes como estas, dentre tantas,  já são corriqueiras no Maranhão, a população  parece já acostumada com este estado de coisas.

Assassinaram o jornalista Décio Sá, mataram o líder camponês Cabeça, em Buriticupu; já tinham assassinado o líder quilombola Flaviano;  eliminaram o policial João de Jesus… tem mais gente ameaçada,  e por aí vai.

E aí, como é que fica?  São tantos os sinistros que a situação já parece fora de controle. 

A sensação é de que o Maranhão é um estado  sem governo. Nunca por aqui se teve tantos “governadores” para, entre tantos, não ter Governo.

Em cinco décadas de mandonismo familiar, nesse nível de perversão dos valores democráticos e republicanos que assistimos todos os dias,  repetidamente, saltando aos olhos até dos mais desatentos, as instituições já sucumbiram a quaisquer dos princípios virtuosos que se poderia imaginar  numa república.

Estão todas comprometidas, corroídas, os poderes neste estado já não funcionam, as autoridades já não têm mais credibilidade, chegamos a um quadro lastimável de coisas.

Basta lembrar dos fatos de repercussão nacional do último mês, nem precisa fazer um exercício maior de memória. Escândalo no executivo, no legislativo, e no Judiciário.

A violência solta, a pistolagem em plena atividade. O dinheiro público  escorrega a olhos vistos pelos privilégios dos poderes. A propina, o suborno viraram moeda corrente, oficiosa, nos gabinetes. As políticas públicas fracassaram. O estado, digo, o governo, já não se mostra capaz, e nem legítimo, parece nem mesmo saber o que fazer, ante tanto desmando e barbaridade!

Nessa marcha  acelerada, para onde vamos?

Se agora  a coisa parece ser mais aguda, há muito que a situação é beligerante e putrefata! 

E não poderia ser diferente, por  tanto tempo um só organismo servindo ao mesmo grupo, para ser bem funcionalista, seria natural que os órgãos  definhassem, perdendo suas funções, se confundido, na maioria das vezes,  com seu próprio parasita.

É um quadro de absoluta preocupação. As instituições federais  – e a sociedade -devem começar a olhar com atenção para este estado de coisas!!

Campanha pelo Direito Humano à Educação

Prezados Companheiros

Prezadas Companheiras:
Saudações!!!
Dia 16 de março de 2.012, em São Luís, na comunidade do Vinhais Velho/Bairro do Vinhais, das 08:00 às 12:00hs, será feito o lançamento da Campanha Estadual pelo Direito Humano à Educação Pública de Qualidade.
Como entidades e articulações da sociedade civil que estão, inicialmente, à frente desse processo estão:
– Cáritas Brasileira/Regional |Maranhão
– Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão
– Associação de Saúde da Periferia (AS)
– Rede de Intervenção em Políticas Públicas (RIPP)
– Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos Municipais de Belágua (Sinfesb)
– Sindicato dos Funcionários e Servidores Públicos Municipais de São Benedito do Rio Preto (Sinfesp)
– Organização de Combate às Injustiças Sociais de Santa Luzia (OCCIS).
Os péssimos índices apresentados pelo sistema educacional, tanto da competência dos municípios quanto do Estado, poderiam simplesmente justificar a realização dessa campanha.
Mas isso seria atacar somente os efeitos de um sistema educacional pensado, gerido e planejado para violar sistematicamente o conjunto de direitos que é obrigado a garantir.
Direitos violados em seu conjunto, atingindo cotidianamente crianças, adolescentes, jovens; pais, comunidade; profissionais da educação ( professores e demais funcionários), pondo em risco a vida, a integridade física e o futuro de brasileiros e brasileiras, quando não o futuro do próprio país.
Nas diversas jornadas feitas pelo Maranhão, percorrendo municípios, povoados e bairros, em qualquer parte ou região do Estado, verificamos o mesmo desrespeito, a mesma forma de gerir irresponsavelmente, a prática perniciosa da corrupção, malversação, quando não o desvio/apropriação puro e simples.
Quanto ao papel desempenhado pela sociedade civil, suas organizações e entidades, apesar de ainda muito timidamente, mas tem sido feito, controlando na medida do possível os recursos transferidos e a sua respectiva execução, havendo denúncias feitas em quase todos os municípios maranhenses de casos de violação desse direito.
No entanto, as autoridades maranhenses quase sempre são coniventes ou complacentes com esse desrespeito, com um Ministério Público omisso, não promovendo as investigações necessárias; quando resolve agir, promovendo as ações respectivas, as mesmas dormem nas gavetas judiciárias, não agindo o Ministério Público para dar celeridade ao processo.
Por conta dos inúmeras queixas, reclamações e denúncias por parte da sociedade civil, foi pensado na realização da campanha para dar um formato articulado e de conjunto a essas queixas, mostrando e demonstrando que se trata de uma violência institucional, pensada e gestada dentro dos órgãos do Estado, implicando diretamente as autoridades competentes, com a conivência dos órgãos de fiscalização, entre eles, Ministério Público, conselhos, Tribunal de Contas, etc.
As denúncias feitas mostram sem qualquer refutação de que a culpa pelo péssimo desempenho dos alunos não deve a eles ser atribuídas, mas sim às péssimas condições oferecidas pelo poder público para a efetivação do direito à educação.
Foram observadas nas jornadas feitas as seguintes violações:
a) Infraestrutura escolar péssima, insalubre quando não desumana, com escolas de taipa, palhoças, em alguns casos “chiqueiro de bode, local de dormida dos jumentos à noite), sem água potável na maioria dos casos;
b) ausência quase que completa de alimentação escolar, na maioria dos casos gêneros alimentícios industrializados, com conservantes impróprios para crianças, alimentos estragados, inadequados e insuficientes para o desenvolvimento da criança;
c) não garantia do salário dos profissionais da educação, com planos de carreira, aumentos anuais, e garantia dos demais direitos (adicionais, previdência, etc) – fato alarmante é que na maioria dos municípios, muito embora exista o desconto da contribuição previdenciária, a mesma não é repassada ao INSS. Fato mais grave quando o instituto previdenciário é municipal, cuja gestão é feita sem transparência, quase sempre usada para outros fins;
d) no Maranhão inteiro, muitas crianças todos os dias percorrem quilômetros a pé para chegar a escola, pois o transporte escolar não existe. Quando existe, são ônibus sem manutenção, vans de aliados políticos. Quando o transporte é próprio, não existe a menor inibição em usá-lo para uso particular, transportando aliados políticos para fins diversos, em prejuízos dos estudantes;
e) em várias localidades foram observadas turmas multisseriadas e regimes de três turnos, sem a menor condição de aprendizado, implantando somente como forma de reduzir custos, provocando a repetência, a evasão, o desânimo dos estudantes;
f) na maioria dos municípios, senão quase todos, falta total de transparência na aplicação dos recursos, com conselhos controlados pelos gestores municipais, com a inviabilização da participação social;
g) em todos os municípios maranhense foram feitas denúncias de perseguição, intimidação, ameaça, demissão e transferência de quem quer fazer a fiscalização, seja individual, seja coletiva, através principalmente de organização sindical, com perseguições das lideranças, emperramento dos processos judiciais, recusa em realizar o desconto da contribuição sindical, nos contracheques dos associados, como forma de dificultar o exercício da atividade sindical.
Diante dessas ocorrências, ficou deliberado no ano passado que esse ano seria o momento de pautar o direito à educação como ação principal da sociedade civil maranhense, nos seguintes termos:
– deve ser uma ação massiva, não só na sensibilização, mas na consequente manifestação pública;
– discutir com a sociedade sobre o parâmetro dos direitos humanos, que devem ser visto como um todo – interdependentes, articulados e como conjunto, em que um não pode existir sem o outro. Para o efetivo direito à educação é necessário a garantia do direito ao ensino, ao transporte escolar, a alimentação, ao salário digno e justo dos profissionais, à profissionalização, à fiscalização, etc.
– envolver todos os segmentos sociais, pois o direito à educação deve ser planejado, discutido e deliberado pela sociedade e não somente pelos gestores;
– mostrar e demonstrar que os recursos financeiros existentes, transferências constitucionais (obrigatórias e voluntárias) e recursos próprios, muito embora não estejam ainda no nível adequado ao desempenho da economia nacional, para a nossa realidade são capazes de atender todos os direitos acima elencados, capazes de propiciais escolas confortáveis,m alimentação saudável, salários dignos e transporte escolar seguro, entre outros;
Como objetivo central da campanha, após a sensibilização, mobilização e levantamento de dados, pensou-se, além do fortalecimento das entidades da sociedade civil e formação da consciência social sobre o direito à educação, despertar o senso de que as autoridades devem ser fiscalizadas e os recursos controlados, objetiva-se levantar o máximo de dados, com depoimentos, fotografia e filmagem, como material embasador de ações e representações, nas vias judiciais, administrativas e nas instâncias internacionais, mostrando a falta de responsabilidade do Estado do Maranhão para com a garantia de um direito humano fundamental.
Serão assim coletados, mapeados, analisados e acompanhados todos os casos de violação do direito humano à educação em todo o território maranhense, pois um dos objetivos é percorrer todos os 217 municípios em caravanas, recolhendo material, constituindo os núcleos locais responsáveis, fazendo mobilizações de rua, dando o máximo de visibilidade à violação desse direito, colocando o povo nas ruas em defesa do seu direito.
Em reunião preparatória, a coordenação do evento pensou as seguintes etapas para o desenvolvimento da campanha:
a) Fase de mobilização para o lançamento
– período: de 05 de fevereiro a 06 de março
b) Lançamento da Campanha:
– data: 16 de março de 2.012
c) Lançamento da campanha nos municípios:
– período: 19 a 31 de março de 2.012
d) Levantamento de dados e programação das caravanas municipais
– período: 02 de abril a 31 de maio
e) Relatório da campanha:
– período: 04 a 22 de junho
f) Apresentação do relatório:
– período: última semana de junho de 2.012
g) proposição das ações judiciais, representações administrativas e proposições aos órgãos internacionais:
– período: agosto-outubro de 2.012
h) formulação e apresentação de carta compromisso com a educação pública (aos candidatos a cargos eletivos – eleições 2.012)
– perído: setembro de 2.012
i) Mobilização popular em defesa da educação pública: IV Marcha contra a corrupção
– data: 07 de dezembro de 2.012
Após todas as ações pensadas, que serão submetidas a aprovação plenária no dia 16 de março, durante o lançamento da campanha, pretendemos encerrar o ano com uma grande marcha da cidadania maranhenses pelo direito à educação, mostrando para a sociedade e autoridades nacionais e representantes de organismos internacionais, a quantidade de recursos que são desviados no sistema educacional, provocando, por via de consequência e de forma intencional, a violação do direito à educação, causando como efeito os péssimos indicadores.
Esperamos com essa justificativa contar com a participação, colaboração e empenho de todos/todas, pessoas e instituições, para a defesa, promoção e pressão para a efetivação do direito humano à educação, com a adesão firme e corajosa na Campanha Estadual pelo Direito Humano à Educação Pública de Qualidade.
Esperamos também contar com a participação de representantes da sociedade civil do município, bem como dos municípios onde existem contatos.
Forte abraço
a Coordenação

Processo de Jorge Moreno no CNJ é retirado de pauta para diligência

Foi retirado da pauta de hoje do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o recurso de revista do Juiz de Direito Jorge Moreno, proposto junto a este conselho, contra decisão do Tribunal de Justiça do Maranhão, que determinou a sua aposentadoria compulsória.

Juiz Jorge Moreno em plena atividade nas comunidades: justiça de verdade

 Por determinação do relator do processo, Conselheiro Bruno Dantas, para melhor embasar o julgamento, achou imprescindível a realização de diligência, a fim de verificar o motivo pelo qual importante documento favorável à defesa do magistrado não foi anexado ao processo original. 

Importante agora não baixar a guarda, colher mais apoios de entidades da sociedade civil, de representações e individuais, como forma de mostrar para o Conselho Nacional a posição da sociedade em defesa de um magistrado coerente, comprometido com a democracia e defensor dos direitos humanos.

O Juiz Jorge Moreno recebendo da Presidência da República o Prêmio Nacional dos Direitos Humanos

Em tempo: Depois de Jorge Moreno receber o prêmio Nacional dos Direitos Humanos por, dentre outras iniciativas, ter levado o município de Santa Quitéria a zerar o sub-registro de nascimento, o judiciário do Maranhão “orgulhoso” do feito do jovem e íntegro magistrado, resolveu “premiá-lo” com aposentadoria compulsória, em um processo que beira o ridículo, cheio de falhas e negligências. Motivo pelo qual o relator do processo, em sessão nesta terça, no CNJ, resolveu pedir diligência.

Jiran e Pial no Chorinhos

Pial em percussão total

Um de cada vez. Primeiro Pial, depois Jiran. Mas poderia ser o inverso.  Não mudaria em nada o resultado, em termos de qualidade. Essa ordem que escolhi é só uma questão de arrumação do programa.

Vou começar com Carlos Pial, percussionista maranhense, atualmente radicado em Basília. Pial tá de disco novo, Etnia, o terceiro da carreira. Este, feito entre São Luís e a capital federal, em 2010 e 2011, é mais uma mostra exuberante do gigantesco talento desse mago da percussão.

encarte Etnia

Como se fosse pouco, todas as batidas, timbres, levadas, chocalhos, apitos, caixas, zabumbas, pandeiros, pandeirões, triângulos e outros apetrechos percussivos, dos quais Carlos Pial extrai sua belíssima música, neste Etnia, ele ainda se faz acompanhar por alguns outros asseclas de semelhantes talentos. Figuras como o saxofonista Sávio Araújo, o acordeonista Rui Mário, o baixista João Paulo, o gaitista Júnior Gaiato, dentre outros, tomam parte, enriquecendo ainda mais essa linda bolachinha tribalmente contemporânea ou contemporaneamente tribal, como você preferir.

Pial é nome de peixe da água doce. Mas é também pescador de tradições, é tocador de raízes, profundas. Carlos Pial é homem da mata, é cidadão do mundo, linkado com o novo, é som das etnias, é aldeia plural. Pial é música, essencial.

Depois do peixe da baixada maranhense, o  mineiro Marcelo Jiran. Garoto multi talentoso, a dificuldade é dizer qual instrumento o cara toca, são tantos. Violão, violão 7 cordas, cavaquinho, piano, bandolim, flauta, gaita, pandeiro, tamborim, acordeon, enfim.

Marcelo Jiran, toca tudo

A primeira aparição de Jiran em São Luís foi há quatro anos, acompanhando Paulinho Pedra Azul, em show no Athur Azevedo. Depois, tanto Paulinho quanto Jiran, deram canjas no restaurante Chico Canhoto, ao lado dos chorões e instrumentistas maranhenses,  em noite memorável, inspiradora do projeto Clube do Choro Recebe.

Jiran ao lado de Luiz Júnior, no Chico Canhoto

O multi-instrumentista Marcelo Jiran, gravou ano passado seu primeiro disco, Porta-Retratos. São várias faces instrumentais, diria, de um mesmo artista, polivalente. Claro, graças à tecnologia de gravação, como Jiran toca todos os instrumentos de que precisava, acabou gravando o disco sozinho. Além de tudo, o jovem músico é ótimo compositor. Em Porta-Retratos, Jiran mescla composições suas com uma criação de Noel Rosa (Com que roupa?) e duas  de Ernesto Nazareth. Quanto aos arranjos, o garoto também é pura competência.

O grande “problema” de Marcelo Jiran é que, tocando tudo, compondo e arranjando tão bem assim,  desconfio que não vamos melhorar  as nossas taxas de emprego no meio musical nos próximos anos.

Pial  e Jiran, cada um na sua, é o menu do Chorinhos e Chorões deste domingo, 5 de fevereiro, às 9H da manhã, na Universidade fm. Aprecie sem moderação!

Milla é sempre um espetáculo

Milla Camões

O Maranhão desgovernado

Paira no ar um forte sentimento  de que o Maranhão vive o maior desgoverno de sua história. Os últimos números do IBGE são prova inconteste da ausência absoluta das políticas sociais efetivadas na vida dos maranhenses. Os pobres estão abandonados à própria sorte, sem educação, sem saúde, sem segurança, sem assistência alguma. O resultado disso: o estado ostenta o mais baixo Índice de Desenvolvimento Humano do país, segundo órgãos oficiais de pesquisa.

O Maranhão já virou pilhéria nacional, uma vergonha para todos os maranhenses, tal o número de situações vexatórias a que é submetido na grande imprensa nacional.

E não venham dizer que existe uma campanha orquestrada pela grande mídia para desmoralizar o estado ou o governo. Não, o que existe, em quase cinquenta anos de mandonismo de um mesmo grupo familiar, é uma cultura política do compadrio, do favorecimento já entranhado em todas as esferas e instâncias do Estado

O que existe também no Maranhão é um pequeno grupo podre de rico, favorecido pelas benesses do Estado, enquanto o povo passa fome ou morre à míngua nas periferias urbanas, nas pequenas cidades e povoados. Como entender o discurso governamental do desenvolvimento que, na prática, financia, subsidia e incentiva a instalação de grandes projetos e empresas há pelo menos 40 anos, e o povo só fica mais pobre?

Por outro lado, os três poderes constituídos para garantir e efetivar os direitos, se mostram sempre diligentes em assegurar os privilégios de um mesmo grupo familiar e perseguir seus adversários políticos. Para os contrários, CPIs, processos, inquéritos, cassações, prisões, despejos; para favorecer a grande família e seus agregados, seguram-se processos contrários, o famoso embargo de gaveta, violam-se direitos, muda-se até a lei. Tudo “legalmente”, por que “todos são iguais perante a lei”. Ou não?

Se não, como explicar o rápido processo de cassação de Jackson Lago e a morosidade e as manobras do Judiciário nos processos de cassação de Roseana Sarney, notória praticante de corrupção eleitoral e administrativa nas últimas eleições, os mesmos pecados que justificaram a cassação de Jackson. A lei que valeu para ele, não valerá para ela?

Como explicar para meus filhos que estudam cidadania, a estatização da Fundação da Memória Republicana pelo Legislativo, legando ao erário público as contas de uma fundação privada destinada a cultuar a personalidade do oligarca-mor?

São atitudes como essas, dentre tantas outras, no dia-a-dia, nas relações oficiais regionais e municipais que entram na arena das banalidades. Afinal, já são quase cinco décadas de reinvenção do patrimonialismo a la Sarney. Essas condutas perniciosas estão de tal forma entranhadas nos três poderes, que já se acham donos do estado por direito. Ademais, está tudo “legalizado”, conforme a lei.

Pois é justamente essa ambiência viciada, distorcida que faz com que as riquezas e recursos públicos sejam, em larga escala, apropriados por um pequeno grupo estrategicamente distribuído em postos de mando político, nos três poderes e na gerência de suas empresas, quase sempre muito “bem sucedidas”.

Não é sem motivos o alto índice de desvio de recursos públicos no Maranhão. A coisa é tão normal, que, como se diz no popular, “os cabras já nem se avexam mais”. É mesmo que “passar sebo em cara de gato”. Daí, se produzirem tantos fatos de notória indignação pública. Um atrás do outro, dos roubos do dinheiro público via prefeituras e grandes obras, à estatização do privado em favor do privado, as convenientes aplicações da lei, os imorais subsídios públicos aos grandes projetos, aos consequentes e vergonhosos indicadores sociais que insistem em aparecer na mídia. Uma coisa gera a outra, em um ciclo de violação e morte interminável.  

Vai ver que tem alguém mal intencionado maquiando esses dados, inventando notícias, pintando imagens ruins, situações escandalosas só para desmoralizar o Maranhão. As cabeças que rolam em Pedrinhas e Pinheiro, a corrupção nas prefeituras, juízes e desembargadores investigados, o Censo do IBGE fiel à realidade dos municípios, o trabalho escravo, a estatização da Fundação Sarney, greve dos delegados, greve da polícia militar, a anunciada greve da polícia civil, o indicativo de greve dos professores estaduais, a volta dos crimes de pistolagem etc. Tudo de um realismo fantástico extraordinário, incrível, que faz Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez, parecer um pueril escrito.

O que se observa hoje é uma governadora atormentada, sem rumo, sem plano de gestão, desgovernando pelos próprios caprichos, pela certeza da impunidade, atropelando as leis, desconsiderando os princípios da gestão pública, desrespeitando direitos e populações.

Algo que, numa nova época em que se vive, da informação rápida, globalizada, da criação de redes, da socialização de saberes, de trocas culturais no campo virtual, e exaustão dos modelos e referências, implica decisivamente no comportamento real das pessoas, dos grupos, das comunidades gerando novos conhecimentos e resistências coletivas. Tem algo novo, um componente contemporâneo, um fator aí emergente  que já não fecha a equação do antigo modus operandi patrimonialista. Falta combinar com as partes, que agora forjam novas identidades, em uma mudança de época, quando a noção de direitos e estratégias de lutas se ressignificam. E aí um velho governo se torna refém do seu tempo velho. O maior desgoverno da vida dos maranhenses, um(a) pária do hoje.

Comitê de Amigos do Vinhais Velho é instalado em São Luís

Por zema ribeiro

Moradores e simpatizantes à causa discordam da forma como o governo maranhense vem tratando a remoção de famílias para a construção da Via Expressa

Moradores da Vila Vinhais Velho realizaram sábado passado (22), o Café da Resistência, para denunciar o modo como o Governo do Estado vem tratando suas possíveis remoções com a construção da Via Expressa. Na noite de domingo (23), aconteceu uma reunião de trabalho, com a presença de representantes de instituições e cidadãos simpáticos à causa.

Um Comitê de Amigos do Vinhais Velho foi implantado, a partir das discussões e da presente situação – a ameaça iminente de despejo por conta da megaobra do governo Roseana Sarney. A ideia do Comitê é reunir moradores, cidadãos, entidades, órgãos, instituições, artistas, intelectuais e quem mais desejar se engajar na luta em defesa da comunidade e de outras que poderão vir a ser atingidas pela Via Expressa.

“Há um patrimônio humano e cultural riquíssimo ali, correndo o risco de serem simplesmente tratorados, como é o desejo da governadora”, afirmou Ricarte Almeida Santos, secretário executivo da Cáritas Brasileira Regional Maranhão, ambos – ele enquanto cidadão e a entidade – membros do Comitê. Já integram o Comitê os gabinetes dos deputados estaduais Bira do Pindaré, Marcelo Tavares e Neto Evangelista, e do deputado federal Domingos Dutra.

“Depois que o assunto ganhou espaço em alguns veículos de comunicação a partir das denúncias apresentadas na visita de alguns moradores à Cáritas, o governo já começou a falar em manter a Igreja. Ora, a Igreja, que completou recentemente 399 anos, não é o único patrimônio ali a ser preservado. Aliás, isso é um atestado de ignorância de nossos gestores: igreja só tem sentido com gente”, continuou Ricarte.

O Comitê de Amigos do Vinhais Velho articulará uma campanha em defesa das comunidades, havendo o desejo de realizar um show na área em frente à Igreja.

Segundo alguns moradores, agentes do Serviço Velado da Polícia Militar estiveram presentes à reunião, com o claro objetivo de intimidar os presentes.

Interessados em aderir ao Comitê podem escrever para caritas@elo.com.br e/ou ligar para (98) 3221-2216.