Arquivo do mês: maio 2010

São Luís, uma cidade em profundas transformações

Quero compartilhar com meus leitores essas belíssimas e históricas fotos de nossa amada São Luís. São fotografias, imagino, dos anos 50, que retratam uma Cidade ainda muito tranquila e bela, claro.

Se hoje é impossível imaginar suas ruas e avenidas com essa calmaria toda, estes belos registros fotográficos de autor (por mim) desconhecido, servem também para ajudar a gente a refletir sobre o processo de transformação porque a cidade passa.

Se o calor escaldante, na casa dos 40 graus centígrados, o excesso de veículos automotores e o trânsito a cada dia mais conturbado, a poluição visual que insiste em esconder a beleza arquitetônica da cidade, a violência crescente, já nos assustam, tornando a nossa cidade quase insuportável, esse quadro promete acentuar-se ainda mais nos próximos anos.

A iminente implantação de grandes investimentos/projetos/mega negócios nas imediações e no interior da Ilha, nos oferecerá um conjunto de sequelas que tende a comprometer ainda mais as condiçõs de vida por estas praias e casarios.

Uma mega refinaria de petróleo, duas usinas termoelétricas, novas siderúrgicas, a ampliação da área e capacidade operacional da Alumar e Vale, enfim. E no bojo disso tudo outros investimentos oportunistas. Esse quadro todo de grandes empreendimentos, sempre na cifra dos bilhões de dólares, tende a atrair a atenção e um grande fluxo migratório para a capital.

Não se trata de querer cristalizar a cidade no tempo, de ser contra o desenvolvimento. Não, não é isso. O que se quer é chamar a atenção para a responsabilidade com a cidade e seus habitantes. A cidade é também a sua gente que constrói cotidianamente sua História; é o lugar do exercício do direito, da cidadania. É o lugar de viver, do labor, da fé, de resignificar seus valores e tradições. É o lugar da festa, da celebração. É também o lugar da fruição livre do que ainda é belo. Enquanto existe.

Segundo estudiosos, dentre os muitos impactos que a cidade vai experimentar, um vai ser o grande incremento populacional, nos próximos dez anos, sem precedentes na sua história. Não é sem motivos a retomada da especulação/expansão imobiliária em larga escala na Ilha.

Temo que no afã, na euforia de atrair esses negócios para o Maranhão, os governantes e os órgãos de controle ambiental tenham sido “benevolentes”, ao ponto de mascarar os reais efeitos disso tudo. E, com isso, vende-se uma panacéia. “É o progresso, o desenvolvimento enfim chegando!”.

Essa estória já se ouviu muito por aí (e por aqui também). Bom, mas que progresso é esse se a desigualdade só aumenta, via os indicadores de exclusão social que só se agravam; se as condições ambientais e de vida na cidade são a cada dia mais insustentáveis.

Estas antigas e belas fotos nos ajudam a tentar imaginar, olhando para passado, com os pés no seu chão hoje, como será a nossa cidade amanhã?!

Lena Machado nas graças de Nelson Motta


A cantora Maranhense Lena Machado, com seu Samba de Minha Aldeia, segundo disco de sua ainda breve carreira, está conseguindo feitos memoráveis.

Sem nenhum esquema de distribuição e divulgação de caráter mais mercadológico, Lena está tocando e agradando – e muito – no Brasil inteiro, em algumas das mais conceituadas rádios do País.

Depois de notícias de Brasilia, Rio, Curitiba, Fortaleza, São Paulo, ontem Lena foi surpreendida com a informação de que seu cd Samba de Minha Aldeia estava sendo tocado na rádio MPB FM, do Rio de Janeiro, no programa Sintonia Fina, do bamba Nelson Motta, que lhe reservou rasgados elogios.
Veja a baixo como o autor de Dancin’ Days anunciou a jovem cantora maranhense:
“Alô amigos, nem só de Sarneys vive o Maranhão. Tem muita gente boa de música por lá. Fazem um reggae da pesada, tem artistas como Rita Ribeiro, Zeca Baleiro, além da fabulosa Alcione, a grande marrom. Samba de Minha Aldeia é o título do novo disco da talentosa cantora maranhense Lena Machado. Repertório é todo de compositores locais de muito bom nível e sem soar regionalista. Misturando samba, baião e choro, Lena mostra suas ricas raízes e faz música pop contemporânea de qualidade e sintonia fina”.

Quem quiser ouvir vai lá:

Link da rádio: http://www.mpbbrasil.com – Ir para destaques da programação e clicar no Sintonia Fina.

Roseana e o PT – sem vergonha de ser (in)feliz

É simbólica a frase da governadora Sarney sobre sua pretensão de fazer na marra uma aliança com o PT do Maranhão. Cargos públicos e outras “ofertas” tem sido a tônica da tentativa de golpe que tramam nas vias intestinas do poder.

Preterida que foi no encontro oficial do partido pela maioria dos delegados, agora ela e os petistas neo-sarneysistas (de risos constrangidamente amarelados) tentam a todo custo reverter a situação e levar o partido, violando sua História de lutas e até mesmo as normas e cultura partidárias, a apoiar a candidatura da filha do velho oligarca.

A situação, de tão esdrúxula e constrangedora, fez com que a própria “governadora”, na reunião com grupo adesista do PT, ligado ao suplente Washington, proferisse a seguinte frase: “(…) Eu não tenho vergonha de vocês e vocês não têm que ter vergonha de mim”.

Discurso revelador, esse. Não?

Chorolê e Criolina no Chorinhos e Chorões

Por Zema Ribeiro*

“Os maiores mestres da música instrumental brasileira” é slogan que não limita o programa Chorinhos e Chorões, apresentado aos domingos, às 9h, na Rádio Universidade FM (106,9MHz) por Ricarte Almeida Santos, tido como “embaixador” do choro no Maranhão por aficionados pelo mais brasileiro dos gêneros musicais.

O epíteto se justifica: seja no programa ou em iniciativas outras – o projeto Clube do Choro Recebe é apenas o exemplo mais recente – o radialista e sociólogo tem cumprido um papel fundamental para a renovação e reanimação da cena choro no Maranhão – embora o alcance do Chorinhos e Chorões vá além, podendo ser ouvido ao vivo pela internet.

Neste domingo, 9, dia das mães, o programa apresentará em primeira mão por estas plagas o disco The Israeli Choro Ensemble do grupo Chorolê. Trata-se do encontro de músicos brasileiros com israelenses. Em Israel. Formam o grupo Salit Lavah (flauta, saxofone, acordeon, Israel), autora de temas como Pra lá de Bagdá e Chorandu (dedicada ao sete cordas brasileiro Yamandu Costa), Gabriel Marques (violão sete cordas, Brasil), Daniel Ring (cavaquinho, Brasil) e Oded Aloni (percussão, Israel). A cantora israelense Noa Peled faz participação especial.

Além de temas autorais, o grupo passeia por clássicos do choro. Destaques para Bole bole (Jacob do Bandolim), Apanhei-te cavaquinho (Ernesto Nazareth), Brasileirinho (João Pernambuco) e Brasileirinho (Waldir Azevedo). Egberto Gismonti (Karatê) é outro compositor brasileiro revisitado pelo Chorolê – cuja tradução possível seria “chorinho”: “lê”, em hebraico, é sufixo diminutivo.

Criolina – Ainda neste domingo, Alê Muniz e Luciana Simões conversam com Ricarte Almeida Santos sobre o show que o duo apresenta na próxima sexta-feira, 14, no Teatro Arthur Azevedo, inaugurando o projeto Palco Cultura Inglesa. Haverá sorteio do cd Cine Tropical, trabalho mais recente da Criolina, que após o lançamento em São Luís, realizará turnê por São Paulo em maio e junho.

*[Zema Ribeiro escreve no blogue http://www.zemaribeiro.blogspot.com/]