Arquivo do mês: outubro 2010

Rio Grande do Sul e Maranhão:Daniel Wolff & João Pedro Borges

O magistral encontro de dois grandes violões. O gaúcho Daniel Wolff e o maranhense João Pedro Borges, pelo projeto Sonora Brasil. A peça, Floraux, do genial Ernesto Nazareth.

Maravilha! bravo!

Bolinha de papel, não fere e nem causa dor – Serra finalmente entrou num partido alto

Veja aí no link abaixo o sucesso que virou o samba da bolinha de papel que “vitimou” o Serra. Levou 12 pontos na cabeça, o cara, nas pesquisas em favor da Dilma.

Para ajudar a decorar o refrão da trilha sonora do dia 31 de outubro, vai aí também o trecho da letra do mestre Tantinho da Mangueira, uma preciosidade:

Deixa de ser enganador

pois bolinha de papel


não fere e nem causa dor(bis)



Como se trata de um samba de partido alto, você pode também acrescentar seus versos de improviso.

Acostumados com grandes baixarias, os tucanos finalmente entram em um partido alto.

Eu, apesar dos sarneys, dos lobões, dos carcarás, com responsabilidade histórica, voto Dilma 13.

Lances de agora no Chorinhos e Chorões


Fico com o texto do Zema Ribeiro em seu blog, que fala com leveza, precisão e sensibilidade de um dos maiores gênios da composição popular brasileira, o nosso Chico Maranhão.

Para homenagear a Rádio Universidade FM, pela passagem dos seus 24 anos de existência musical, escolhi este símbolo da nossa música e um de seus mais notáveis e chorísticos trabalhos, o lp “Lances de agora”, gravado em 1978, na igreja do Desterro, pela Discos Marcus Pereira, disponibilizado esta semana para download no blog Música Maranhense.

Trata-se de um trabalho verdadeiro, com o fino da criação do grande Chico Maranhão. Clássicos inesquecíveis desse mestre da nossa composição.

Além do quê, é todo acompanhado pelo regional Tira Teima, em uma de suas primeiras formações. Paulo Trabulsi com apenas 17 anos, detonando no cavaquinho, um achado; e ainda tendo como integrantes deste regional, nomes como Ubiratan Souza, Antônio Vieira, Arlindo Carvalho e Sergio Habibe, dentre outros.

Mais uma prova inconteste de como o choro sempre foi uma vertente, uma linguagem musical há muito presente, estruturante na música do Maranhão. Isso tanto enquanto linguagem, elemento musical presente em vários de nossos compositores, como no próprio Chico, Cesar Teixeira, Saldanha, mestre Vieira, Josias, enfim, como também enquanto formação instrumental básica, violão, cavaquinho, bandolim, flauta, pandeiro, timba, clarinete, etc.

Neste domingo, 24 de novembro, pelos 24 anos da Rádio Universidade FM, o Chorinhos e Chorões presta dupla homenagem, à Rádio e a Chico Maranhão, rememorando o seu eterno “Lances de agora”. Leia mais sobre este lp histórico no blog do Zema Ribeiro .

Abaixo uma outra singela homenagem que fiz ao poeta compositor Chico Maranhão há alguns poucos anos, uns versos. Não chega a poema.

Eita Chico

Esses lances de agora
Que bem antes o Chico aprontou
Me fazem rir de tristeza
Me fazem chorar de alegria
Eita Chico danado de bom
Eita Chico filho de Viveiros
Esse Chico é Fuzzeti é Francisco
Onde mora a navalha amolada
Onde mora a ternura em pessoa
Vem menino da Ilha cantar
Vem cantar “besteirinhas” pra alma
Vem menino traquino da rua
Vem dizer as verdades mais cruas
Eita Chico danado de bom
Eita Chico filho de Viveiros
Esse Chico é Francisco é Fuzzeti
Vai dormir na porta do Teatro
Vai chorar pelo sonho rosado
Vem menino da Ilha cantar
Vem cantar “besteirinhas” pra alma
Vem menino traquino da rua
Vem dizer as verdades mais cruas
Eita Chico menino danado
Vai beber um trago de tiquira
Vem fazer o teu samba chorado
Encontrar o teu ponto de fuga
Reaver o teu sonho roubado.
Esse Chico é Maranhão
Esse Chico é do Maranhão
Eita Chico Maranhão

Nova Pesquisa: Dilma bem na frente


Vox Populi: Dilma tem 51%, Serra tem 39% e indecisos somam 4% – Eleições

Em novo levantamento, petista sobe 3 pontos, tucano cai 1 ponto e indecisos recuam 2 pontos

Enviado por luisnassif, ter, 19/10/2010 – 08:13

Pesquisa Vox Populi/iG divulgada nesta terça-feira mostra que a vantagem da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, em relação ao tucano José Serra aumentou para 12 pontos percentuais. Segundo o Vox Populi, Dilma tem 51% contra 39% de Serra. Na última pesquisa, realizada nos dias 10 e 11 de outubro, a vantagem era de 8 pontos (Dilma tinha 48% e Serra 40%). Os votos brancos e nulos permaneceram em 6% e os indecisos passaram de 6% para 4%.

Se forem considerados apenas os votos válidos (sem os brancos, nulos e indecisos) a vantagem subiu de 8 para 14 pontos. Dilma tinha 54% e passou para 57%. Serra caiu de 46% para 43%. A margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual para mais ou para menos.

A candidata do PT tem o melhor desempenho na região Nordeste, onde ganha por 65% a 28%. Já Serra leva a melhor no Sul, onde tem 50% contra 41% da petista. No Sudeste, que concentra a maior parte dos eleitores, Dilma tem 47% contra 40% do tucano.

O Vox Populi ouviu 3 mil eleitores entre os dias 15 e 17 de outubro. Os resultados, portanto, não consideram o impacto do debate realizado pela Rede TV no último domingo, nem a entrevista concedida por Dilma ao Jornal Nacional ontem à noite. A pesquisa foi registrada junto ao Tribunal Superior Eleitoral com o número 36.193/10.

Recortes

Depois de toda a polêmica envolvendo temas religiosos como o aborto, Serra atingiu 44% entre os entrevistados que se declararam evangélicos. Dilma tem 42%. Entre os que se declararam ateus, Dilma vence por 49% a 36%.

Entre os católicos praticantes Dilma tem 54% contra 37% do tucano. No segmento dos católicos não praticantes a petista consegue seu melhor desempenho, 55% contra 37% de Serra.

A petista ganha em todas faixas etárias. Já no recorte que leva em conta a escolaridade dos pesquisados, Serra vence entre os que tem nível superior por 47% a 40% da petista. No eleitorado com até a 4ª série do ensino fundamental Dilma tem 55% contra 38% do tucano.

Serra também vai melhor entre o eleitorado com mais renda. Entre os que declararam ganhar mais de cinco salários mínimos, ele tem 44% contra 42% da petista. Dilma tem seu melhor desempenho entre os mais pobres, que ganham até um salário mínimo, 61% a 31%.

Embora seja mulher Dilma tem índices melhores entre os homens. Conforme o levantamento ela tem 54% contra 38% de Serra no eleitorado masculino e 48% contra 40% do tucano no eleitorado feminino.

No recorte que leva em consideração a cor da pela Dilma atinge 59% entre os entrevistados que se declararam negros contra 29% de Serra. Entre os brancos, a petista tem 45% contra 44% do tucano.

Segundo o Vox Populi, 89% dos entrevistados disseram estar decididos enquanto 9% admitiram que ainda podem mudar de ideia. Entre os eleitores de Dilma a consolidação do voto é maior, 93%. No eleitorado de Serra, 89% disseram que estão decididos.

Robertinho Chinês – Made in Brazil – no Chorinhos e Chorões

foto: Meireles Jr.

Neste domingo, 10 de novembro, às 9h, o jovem bandolinista e cavaquinhista maranhense Robertinho Chinês, vai apresentar, em primeiríssima mão, no programa Chorinhos e Chorões, da Rádio Universidade FM, o seu primeiro cd, Made in Brazil.

De atemão já posso garantir que se trata de mais uma grande e apurada produção dessa nova geração de grandes artistas da música que surge por estas bandas de cá.

Robertinho Chinês apresenta um disco dígno do reconhecimento de todo o Brasil. Com um projeto gráfico de muito bom gosto, o conteúdo sonoro musical traz resultados ainda mais auspiciosos. Grandes composições de autores maranhenses, de inspirada criação e arranjos sofisticadíssimos, inventivos, inovadores do maestro Luiz Júnior(exceto as faixas 4 e 10).

Leia abaixo o texto deste blogueiro escrito no encarte deste Made in Brazil.

ROBERTINHO CHINÊS – lugar entre os melhores

por Ricarte Almeida Santos

Quando conheci o Robertinho ele ainda era um menino, ainda muito pequeno. Devia ter uns nove, dez anos, por aí. Sempre acompanhado por seu pai, o sambista Chico Chinês, os dois demonstravam grande preocupação com a necessidade do seu estudo musical.

Vez por outra eu era convocado pela dupla, pai e filho, a emprestar partituras de choros para cavaquinho, instrumento que Robertinho, naquela época já tocava com desenvoltura. Já até acompanhava o mestre Spirro em serenatas itinerantes pelas ruas da Praia Grande, na nossa linda São Luís.

Ocorre que todas as vezes que nos encontrávamos, sempre por acaso, eu nunca estava com as partituras na pasta. Dessa forma, Robertinho ficou sem ter acesso às minhas poucas partituras para seus treinos de cavaquinho.

Atualmente, vendo e ouvindo Robertinho tocar, com seu estilo modernizante, inventivo, contemporâneo, penso que, assim, mais ajudei do que atrapalhei, já que ele continuou, livre de (im)possíveis direcionamentos, estudando cavaquinho e bandolim com a clareza de quem sabia, desde menino, o que queria. Taí um dos resultados de sua dedicação. Este extraordinário Made in Brazil.

Hoje, posso afirmar sem medo de errar: Robertinho é, aos 16 anos, um dos melhores bandolinistas deste país. E olha que o Brasil é terra de grandes bandolinistas. Desde Luperce Miranda, Jacob do Bandolim a Hamilton de Holanda e, agora, por que não dizer de Luperce e Jacob a Robertinho?

É claro que Robertinho ainda é muito jovem, tem muito a aprender, a amadurecer, como qualquer grande instrumentista que tem a noção do inacabado, da necessidade do estudo, da busca pela perfeição permanentemente.

Mas no caso deste menino maranhense, prodígio do bandolim e do cavaquinho, é de se perguntar, para onde esse garoto vai com tanta musicalidade fluindo assim quase à flor da pele; com tanta técnica, habilidade, velocidade e capacidade de improvisação; com tanto talento para tocar e compor; com essa aguçada percepção do seu tempo e do seu lugar no mundo, que este cd já nos revela?

Pois é, este disco, Made in Brazil, fala muito do Roberto e o Roberto fala muito por ele, ou melhor, toca muito por ele.

Suas apresentações no Clube do Choro, integrando o grupo Choro Pungado, ou individualmente em canjas especiais, sempre arrebatadoras, e a audição privilegiada deste disco, me ajudaram a imaginar os rumos, o lugar desse jovem virtuose hoje e no futuro.

Como já disse: Robertinho já tem lugar entre os melhores.

Deleite-se.

ê-maranh@o 10

Boletim Eletrônico do Projeto “Nós de Rede”. Nº 10 – 07/OUT/2010
BLOGUE DO ITEVALDO
Tribunal Federal confirma condenação de fazendeiro escravista
O Tribunal Regional Federal da 1ª Região confirmou a sentença do juiz federal, Neian Milhomem Cruz, que condenou, em abril de 2008, o fazendeiro Gilberto Andrade pelos crimes de trabalho escravo, aliciamento de trabalhadores e ocultação de cadáver. Proprietário de terras nos estados Pará e no Maranhão é conhecido pela crueldade com que tratava seus trabalhadores. O fazendeiro condenado consta da Lista Suja do trabalho escravo por manter 18 pessoas em condições semelhantes no município de Centro Novo do Maranhão (MA), desde 2005. (leia mais)
SÉTIMO MANDAMENTO
Reeleições com máquinas azeitadas
Sétimo Mandamento comparou o desempenho dos deputados eleitos em 2006 e agora em 2010, após passarem por Secretarias do Governo do Estado. Uma verdadeira vitamina eleitoral para Ricardo Mudar (PMDB), Raimundo Cutrim (DEM), Gardênia Castelo (PSDB), dentre outros. (leia mais)
BLOGue Do eri
Morre aos 65 anos Ed Wilson, fundador do Renato e Seus Blue Caps e vocalista do The Originals
A Jovem Guarda perdeu Ed Wilson, um de seus maiores representantes. O cantor e compositor, fundador do Renato e Seus Blue Caps, ao lado dos irmãos Renato e Paulo César Barros, Ed Wilson foi personagem da música “Festa de arromba”, um dos maiores sucessos de Erasmo Carlos e Roberto Carlos na Jovem Guarda: “Lá fora um corre corre / Dos brotos do lugar / Era o Ed Wilson que acabava de chegar / Hey, Hey,(hey, hey) / Que onda / Que festa de arromba”, diz a letra. (leia mais)
JUSTIÇA NOS TRILHOS
Duplicação dos trilhos e dos impactos
No linguajar da Vale, chama-se oficialmente de “capacitação” um dos maiores investimentos para os próximos anos ao longo do corredor de Carajás, entre Pará e Maranhão. São mais de 8 bilhões de reais para duplicar toda a Estrada de Ferro Carajás, aumentar em 40 milhões de toneladas o escoamento anual de ferro por ano até 2012 e viabilizar a exploração da enorme jazida de Serra Sul a partir de 2013 (mais de 100 toneladas/ano em acréscimo). Mesmo assim, a Vale conseguiu junto ao IBAMA ficar desobrigada da necessidade de se fazer previamente um Estudo de Impacto Ambiental (com obrigação de audiências públicas e condicionantes muito mais exigentes em contrapartida). A Vale apresentou e o IBAMA aceitou simplesmente um Plano Básico Ambiental, alegando que irá trabalhar somente na faixa de domínio da ferrovia, a qual já tem todos os licenciamentos necessários… (leia mais)
ARTIGO – pe. claudio bombieri
Esquemas semi-feudais vigoram no Maranhão para se eleger
Talvez seja cedo para fazer uma análise apurada do resultado das urnas, aqui, no Maranhão. Uma coisa, porém, que salta aos olhos: não estão aparecendo nomes novos no cenário político-eleitoral, as abstenções ficam a cada vez maiores, e os eleitos são sempre mais o resultado de ‘esquemas’/alianças com senhores prefeitos feudais e de vultosos investimentos econômicos (leia mais)
TWITTER.COM
@JohnCutrim: “Roseana Sarney há dois anos levou no tapetão e agora ganhou no raspão”
@robsonpaz: Enfim, uma notícia boa para a política do MA RT @jornalpequeno Ficha Suja: TSE barra eleição de Cleber Verdehttp://tinyurl.com/2brnnxr.

@agenciaadital: Beneficiados por Lula, ruralistas rejeitam Dilma –http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=51509

PASSADAS AS ELEIÇÕES, E AGORA?

Por Ricarte Almeida Santos

Agora é muito comum e, de certo modo, necessário o surgimento das mais diferentes análises sobre os resultados das urnas. “Cientistas políticos” de todos os timbres, tons, cores e calibres farão suas ilações analíticas, projetarão, a partir desse novo quadro recém emergido, o futuro político do país e do Estado.

Nestes três últimos dias, pós as eleições, já saíram interpretações, previsões para todos os gostos. O difícil mesmo será equacionar todas elas para que se materializem, uma vez que juntas a conta não bate, não fecha, de tão díspares que são as leituras e suas projeções.

Bom, mas isso é até natural. Consideremos que se fala sempre de um lugar, com uma carga de interesses específicos tão distintos quanto contraditórios, antagônicos entre si.

De todo modo, nos parece que, a considerar o resultado das urnas, o que elas dizem e o que não dizem, através do voto ora revelado, não estamos atentos para os não recados, ou melhor, para o não dito, ou melhor, ainda, para o dito através do não voto.

A nossa tentação é grande, assim que saímos de um pleito eleitoral como este ainda em curso, em mensurar o quadro, supostamente real, objetivo dos resultados. Definir o perfil dos eleitos, seja aos cargos executivos, seja às câmaras parlamentares. Identificar os movimentos futuros das forças políticas em disputa. Uns dizem “o governo fez barba, cabelo e bigode” e, por isso, os rumos daqui para frente serão assim, assim, assado.

Outros fazem questão de decretar o renascimento da oposição, determinando outro futuro político para o estado e o país, com um outro desenho e outra correlação de forças, “profetizam”. Como se só aos partidos (situação e oposição) coubesse a tarefa de construir o futuro político da nação.

Todas as percepções parecem óbvias, ao mesmo tempo distintas e até inconciliáveis. Mas todas dentro de uma mesma lógica, reducionista, anacrônica e anti-popular.

O cidadão comum, a dona de casa, o pescador, o carroceiro, o camelô, a quebradeira de coco, o pequeno agricultor, o ribeirinho, o funcionário público, a professora, o catador de lixo, etc não entram na equação. Sua “participação” reduz-se ao voto. Até o voto, quando muito. Essa é a noção de democracia que se tem, eleição após eleição.

E nem vamos falar das distorções que “animam” esse processo eleitoral, já tão corrente nestas bandas. Compra e venda de voto. Uso da máquina pública, do poder econômico. Comprometimento do Judiciário. Cegueira seletiva do Ministério Público. Controle familiar dos meios de comunicação. Não, não vamos entrar diretamente nessa seara, ampla, rica e complexa. Isso só bastaria para compreender muita coisa.

Nossa abordagem, embora tudo isso se resvale e se relacione, será sobre outros sinais não revelados pelo quadro dos eleitos.

Primeiro, nestas eleições, chamou atenção o esvaziamento do discurso de todos os/as candidatos/as.

Os partidos parecem não mais substanciados, alimentados por uma via orgânica das lutas sociais, junto aos movimentos e organizações populares, com demandas reais e concretas travadas no dia-a-dia. Todos eles. Desde aqueles que foram talhados e urdidos na luta pela democracia, pelas liberdades e pelos direitos humanos, gradativamente perdendo substância e suas bandeiras, literalmente; ou ainda tendo seus candidatos orientados meramente por necessidades midiáticas, adocicando a fala, a postura e as estratégias ao sabor do mercado do voto.

De modo diferente, os partidos mais à extrema esquerda sugerem não compreender, igualmente, o novo momento que a sociedade vive, de profundas e novas demandas e transformações sociais, de construção de sinergias planetárias, sentidos de redes, construção de identidades das lutas do planeta, com suas pluralidades e multiculturalidades, as outras formas e arenas de dominação, que precisam ser compreendidas, assumidas e superadas por todos e todas, na construção coletiva de um novo mundo, de uma sociedade melhor, democrática, justa e plural, sem a existência de vanguardas iluminadas.

Essa compreensão parece passar ao largo das falas dos nossos socialistas mais radicais. A cantilena é a mesma de sempre.

E isso também, ao que tudo indica, principalmente as urnas, parece não mais ecoar junto à sociedade. Não mais responde aos anseios do cidadão e da cidadã de hoje. É cada vez menor o desempenho dessas siglas nas eleições, mesmo controlando sindicatos importantes. Alguma coisa deve estar errada. Exige, no mínimo, um esforço de reflexão.

A vida política da esquerda, da ultraesquerda, seja lá de quem for desse campo popular democrático, não pode prescindir da participação popular. Viver a política não pode e não deve ser uma necessidade só do período eleitoral.

A vida política é a vida, travada no cotidiano, das necessidades da pessoa humana, dos grupos sociais, das comunidades tradicionais, contra a violação dos Direitos Humanos, da emergência de novos atores e de novos direitos, contra a corrupção administrativa que desvia dinheiro público destinado a efetivar direitos na vida das pessoas. É aqui que as pessoas vivem, produzem, sofrem, lutam, se organizam, festejam, amam. Constroem identidades e desenvolvem processos emancipatórios, que a democracia representativa já não dá conta de absorver.

A grande política não pode estar distanciada disso, dessa substância. Urge uma reaproximação dos partidos desse conteúdo da vida. Ou a reinvenção de novos partidos com essa identidade. Sob pena de nos restar, na chamada grande arena, sempre a pequena política, de debater apenas as frustrações eleitorais, que nas condições impostas pela nossa tradição patrimonialista, mencionadas no começo deste texto, nos sobra.

Os candidatos, os eleitos, os partidos do campo popular democrático, precisam dialogar com os segmentos organizados, discutir os temas atuais, incorporar as novas demandas, as novas proposições coletivas, reconhecer os novos atores, segmentos e identidades. Precisam assumir os riscos de ter posição, vivência, coerência, substância e legitimidade.

Diferente disso, mesmo com rótulo de esquerda, é entrar na arena tosca da política tradicional que só espera por votos. E pelos números crescentes de abstenções que se revelam a cada eleição, vão ficar cada vez mais raros. Os “eleitos”, a qualquer custo, cada vez mais sem legitimidade. A democracia representativa já caduca.