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Arquivo do mês: outubro 2011
Mural – Convite
Publicado em maranhão, Uncategorized
Com a tag Comunicação Alternativa, Direitos Humanos, Educação Popular, Flávio Reis, Jornalismo, Vias de Fato
Fotos & Músic@s
A virada dos anos 70 para os 80 foi extremamente significativa para os rumos que o Choro tomou dali em diante. Radamés Gnattali e Camerata Carioca, novos discos, shows, novos grupos de choro e outros acontecimentos musicais marcaram a retomada do Choro naqueles anos, mexendo com tudo no gênero.
Um disco marcante daquele período fértil, pós Camerata Carioca, foi o LP Valsas e Choros (Kuarup Discos, 1979), do grande violonista Turíbio Santos. Turíbio e o Cojunto Choros do Brasil, leia-se Raphael Rabello (7 cordas), João Pedro Borges (violão), Jonas (cavaquinho) e Celso (pandeiro) desfilaram seus apuradíssimos talentos sobre um repertório irretocável de Valsas e Choros, claro.
Tive acesso, graças a João Pedro Borges, a um belo registro fotográfico dos bastidores daquela gravação, que partilho agora com os leitores deste blog. Um achado!
João Pedro Borges no Ch & Ch
A propósito do último post, dando conta do CD Noites Cariocas (Kuarup) no Chorinhos & Chorões de amanhã, dia 23/11, João Pedro Borges, um dos personagens vivos daquela empreitada disco-chorística, confirmou presença no programa.
João Pedro Borges, o Sinhô, participou ativamente como violonista, diretor artístico do primeiro espetáculo em 1987, e como editor na montagem final do CD Noites Cariocas, que saiu pela Kuarup Discos.
Sinhô, grande concertista de violão, ex-integrante da Camerata Carioca, foi figura ativa naquela virada do Choro, nos anos 70 e 80, no Rio de Janeiro, ao lado de Radamés Gnattali, Joel Nascimento, Paulinho da Viola, Maurício Carrilho, Raphael Rabello, dentre outros. Atualmente residindo em São Luís, a nosso convite, o mestre João Pedro vai ao programa falar das curiosidades, dos personagens, do contexto daquelas noites memoráveis no Teatro Municipal, que resultaram na gravação do CD Noites Cariocas. Bom papo e música de alto nível. Imperdível
O Ch & Ch começa sempre às 9h da manhã, na Universidade FM.
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Com a tag Camerata Carioca, Chorinhos e Chorões, choro, joão pedro borges, noites cariocas, Ricarte Almeida Santos
Voltando a falar de Choro: domingo tem Chorinhos & Chorões
De cara nova, e até para justificar o nome, o Rico Choro – agora na plataforma wordpress – volta a falar de Chorinho. E já não era sem tempo, afinal o Choro é um dos pratos musicais preferidos deste blogueiro.
Domingo, às 9h da manhã, na Universidade FM, o Chorinhos & Chorões relembra um belíssimo álbum, daqueles necessários a qualquer discografia de Choro que se preze. Da minha singela coleção, garanto ser um dos meus prediletos.
Trata-se da gravação de dois encontros de geniais chorões, ocorridos em pleno palco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 1987 e 88. Por isso só, e não é pouco, mereceriam um registro cinematográfico. O Choro e o Teatro Municipal, espetaculares!
Contetemo-nos com o registro em disco, pela gravadora Kuarup, daquelas duas noites, a imaginar pelo resultado sonoro conseguido, pelo clima que transparece, inesquecíveis.
Também pudera: nas duas noites, a primeira, em 87, sob direção artística de João Pedro Borges, a segunda sob os cuidados de Henrique Cazes, em 1988, desfilaram “monstros” como Altamiro Carrilho, Zé da Velha, Paulo Sérgio Santos, Joel Nascimento, Paulo Moura, Chiquinho do Acordeon, Paulinho da Viola, o próprio João Pedro, dentre outros.
O resultado disso tudo – grandes “feras”, noites lindas do Rio, muita descontração, o cenário suntuoso do Municipal, repertório de lindos clássicos do choro – , com edição, também, de João Pedro Borges, virou disco pela Kuarup, o Noites Cariocas, ao vivo no Municipal. A musicalidade dos caras dá conta das imagens que não temos.
O Chorinhos & Chorões deste domingo vai matar saudades desse lindo material. Na manhã de domingo na Ilha, Noites Cariocas, o disco.
Publicado em chorinhos & chorões
Com a tag chorinho, choro, joão pedro borges, kuarup, música, noites cariocas, paulinho da viola, paulo moura, zé da velha
O "deserto verde" se alastra pelo Maranhão
Também denominadas por estudiosos e pesquisadores como “deserto verde”, as plantações de eucalípto ganham proporções assustadoras em terras maranhenses.
Com um governo estadual absolutamente subserviente a esse tipo de negócio, a pretexto de atrair o “desenvolvimento”, os órgãos estaduais – e federais -, supostamente de controle ambiental, fecham os olhos para o estrago que está sendo feito. A coisa ultrapassa a irresponsabilidade, tal a facilidade com que esse tipo de praga, com discurso de investimento sustentável, se implanta por aqui.
As consequências já são e serão de toda ordem aprofundadas, ano após ano. Dos impactos ambientais aos conflitos fundiários em larga escala. Não é sem motivos a crescente onda de assassinatos de trabalhadores rurais, indígenas, quilombolas e lideranças populares no meio rural que temos assistido.
As áreas já reservadas e adquiridas para o plantio do eucalípto no Maranhão estão em processo acelerado de expansão. Com o elevado preço das terras no Sudeste, os estados do Centro Oeste, Norte e o estado do Maranhão viraram alvo estratégico da indústria da celulose.
Os investimentos do setor destinados à aquisição de novas áreas para incremento do negócio são preocupantes e exigirão rigoroso controle dos órgãos públicos, especialmente dos Ministérios Públicos, frente às graves consequências que isso significa para as populações locais, especialmente aos pequenos agricultores e agricultoras.
O grupo Suzano Papel e Celulose, “vai investir R$ 1 bilhão na formação de florestas e numa indústria de “pellets” de madeira (pedaços processados de madeira para incineração e geração de energia)” no estado. Em outras palavras, se a situação já era grave para as populações afetadas, tende agora a se estrangular de vez. Vêm aí mais despejos de famílias e comunidades, mais liminares de reintegração de posse (na maioria das vezes baseadas em fraudes cartoriais), mais conflitos, mais ameaças, mais… enfim.
Leia abaixo matéria da Folha de S. Paulo, dando conta da expansão do negócio:
São Paulo – A valorização da terra em mercados consolidados como São Paulo, Minas Gerais e Paraná transformou os Estados de Mato Grosso do Sul, do Maranhão, do Tocantins e do Pará nas novas fronteiras florestais para o cultivo do eucalipto voltado à indústria.
Dos R$ 5,7 bilhões que as empresas planejam investir até 2015, 90% devem ir para os Estados das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, segundo a Abraf (Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas).
Numa comparação entre Estados, a diferença no preço da terra pode encarecer em até R$ 700 milhões o projeto de implantação de um fábrica de celulose – matéria-prima (eucalipto), equipamentos e transportes -, segundo estimativas das empresas.
Enquanto em Mato Grosso do Sul uma unidade com capacidade para 1,5 milhão de toneladas de celulose por ano custaria R$ 1,8 bilhão, em São Paulo sairia por R$ 2,5 bilhões, afirma Aires Galhardo, diretor florestal da Fibria, uma das maiores do país.
“A formação dessas novas fronteiras florestais foi motivada pelos preços das terras nos outros Estados e por serem regiões ainda não exploradas, onde podemos encontrar preços mais favoráveis”, disse Galhardo.
Em Mato Grosso do Sul, a Fibria é proprietária de uma das maiores florestas e vai adquirir mais áreas para ampliação da unidade de celulose em Três Lagoas. Os investimentos industriais devem somar R$ 4 bilhões.
Maranhão – No Maranhão, a Suzano Energia Renovável, do grupo Suzano Papel e Celulose, vai investir R$ 1 bilhão na formação de florestas e numa indústria de “pellets” de madeira (pedaços processados de madeira para incineração e geração de energia)
A estimativa da empresa é iniciar a produção em 2014 e gerar 2.700 empregos diretos no Estado. Até lá, a meta da unidade será alcançar 3 milhões de toneladas de “pellets”. Atualmente, a Suzano tem 341 mil hectares plantados com eucalipto no país. Para o diretor-executivo da Abraf, César Augusto dos Reis, o baixo preço da terra nos Estados também é favorecido pelo fim da pecuária extensiva. “Os pastos ficaram ociosos e agora estão dando espaço a grandes plantações de eucalipto.”
Análise: Cultivo do eucalipto no Brasil cresce na medida do conflito com o alimento
A unidade da Eldorado Brasil que está sendo construída em Três Lagoas terá 210 mil hectares de eucalipto. Atualmente, a empresa só garantiu 70 mil hectares. Os investimentos totais (florestal e industrial) previstos são de R$ 4,8 bilhões.
No Tocantins, a expectativa da Aretins (Associação de Reflorestamento do Tocantins) é atingir 600 mil hectares de eucalipto plantados até 2016. A Jamp, de Dueré (TO), deve quadruplicar a área plantada de eucalipto, hoje em 3.000 mil hectares.
Segundo a Abraf, a silvicultura no Brasil obteve valor bruto de produção de R$ 51,8 bilhões em 2010 -recorde histórico. De acordo com a associação, o setor gera 4,5 milhões de empregos diretos e indiretos no país.
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Deu no blog do TPJ: Via Expressa viola Direitos
Violações de direitos: primeira carga transportada pela Via Expressa
Outubro 18, 2011 por zema ribeiro
Moradores da Vila Vinhais Velho procuraram, na manhã de ontem (17), a Cáritas Brasileira Regional Maranhão: sábado (22), eles organizam o Café da Resistência, onde denunciarão as violências que vêm sofrendo – ou que podem vir a sofrer – com a construção da Via Expressa
Piada corrente que tem circulado à boca grande: o governo Roseana Sarney está gastando mais com a publicidade sobre que com as obras da Via Expressa em si. É outdoor pra lá, busdoor pra cá, propaganda na TV – da família da governadora – da hora em que se acorda até a hora em que se vai dormir – coitados dos insones que tentam dormir à base de televisão, bombardeados com a publicidade madrugada adentro.
Um projeto de grande porte, que já surge devastando: no marco zero da obra, um retorno próximo ao Jaracaty Shopping – mais um dos negócios da família Sarney – árvores já foram derrubadas e o sítio Santa Eulália, que outrora não pode ter casas populares construídas por se tratar de área de preservação ambiental, já vê o rastro de enormes tratores onde certamente em breve o asfalto passará, em “seis faixas, duas exclusivamente para ônibus”, conforme apregoa a propaganda oficial.
“Uma obra para os 400 anos de São Luís”, vendem, talvez na tentativa de a população esquecer outras promessas de campanha, a exemplo dos 72 hospitais, que vêm ganhando aditivos informais de prazo, na base da cara lavada e das mentiras deslavadas e desveladas da governadora e de seu secretário de saúde. Quiçá os narizes de Pinóquio terão maiores extensões que a Via Expressa.
Entre os significados dados ao verbete “expresso”, no Dicionário Aurélio, estão “que não admite réplicas, terminante, categórico, decisivo”, “que se expõe em termos explícitos e concludente” e “que é enviado rapidamente, sem delongas”. Certamente o batismo das seis pistas não foi escolhido ao acaso. Traduz as vontades da mimada filha do patriarca e seu modus operandi: participação popular? Transparência? Controle social? Para Roseana Sarney tais expressões não passam de postulados.
O caso do Vinhais Velho – Engana-se quem pensa que os megaprojetos implantados pelo governo Roseana Sarney ou com sua permissão façam eco aos versos de João do Vale: “corda só quebra no fraco/ Deus quando dá a farinha/ o diabo vem e rouba o saco”. Não são só quilombolas e indígenas que sofrem no interior do estado na “guerra” por terra e direitos, nem os moradores da Vila Cristalina, na capital, com a implantação do Shopping da Ilha. A classe média também se sente ameaçada. Parecem escapar apenas os envolvidos na execução da obra – em curto prazo.
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Crianças PET(I)
Reciclar prá quê?
proteger prá quê?
só quero me livrar
só quero me livrar
peti, pet, peti
garrafas pet
crianças pet
peti, peti, peti,
crianças pedem
destruam as garrafas
protejam as crianças
reciclar prá quê?
proteger prá quê?
só quero me livrar
só quero me livrar
coca-cola, mate-couro
não mate as meninas
do Apeadouro
guaraná Jesus
salve os mutilados
do Maranhão
peti, pet, peti
crianças pedem
pede, pet, pede
crianças peti
trabalho é pedir
proteger prá quê?
reciclar prá quê?
só quero me livrar
só quero me livrar
beber o que sobrar
na garrafa pet
pedir o que sobrar
comer o que me dá
seja guaraná
suco de cupu
põe a meninada
sob a mesa
beba guaraná
suco de cupu
põe a meninada
sob a mesa
(Ricarte Almeida Santos – maio/2006)
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Suzano Papel e Celulose no Baixo Parnaíba: mais desmatamento, mais violações
A propósito do nosso último post, “Direitos Humanos: violações e incidência“, segue aí um apelo, de comunidades do Baixo Parnaíba, pedindo socorro e confirmando a lógica deste perverso modelo de “desenvolvimento”.
Façam a gentileza de divulgar.
Nós, moradores do povoado Enxu, município de São Bernardo, Baixo Parnaiba maranhense, abaixo-assinados vimos por meio deste oficio solicitar aos órgãos competentes tanto nas esferas municipal e estadual como na esfera federal que neguem a Suzano Papel e Celulose qualquer autorização de uso e ocupação do solo e supressão de vegetação.
A área que a Suzano pretende desmatar chega a quinze mil hectares de Cerrado em excelente estado de conservação e cuja área beneficia as comunidades do Enxu, São José, Baixa Grande, Santo Antônio do Magu e Cabeceira do Magu através do extrativismo do pequi e do bacuri e do corte de madeira para construção de suas casas.
Sabe-se que os documentos que comprovariam a propriedade da terra por parte da Suzano provavelmente resultam de fraude cartorial como é o caso do repasse de uma posse de terra do senhor Bernardo Cardoso que a vendeu para um senhor chamado Manuca que por fim vendeu para a Suzano. Só que a posse consiste ao todo em 46 hectares.
Como essa posse não foi objeto de partilha entre os filhos e eles nada assinaram essa venda foi ilícita. A legislação do município de São Bernardo proíbe o desmatamento de mata nativa com finalidade de plantio de monocultura como é o caso do plantio de eucalipto em larga escala. Por essas razões reafirmamos nosso pedido que qualquer pedido de licenciamento seja negado.
São Bernardo, 10 de outubro de 2011
(Seguem assinaturas)
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Direitos Humanos: violação e incidência*
RICARTE ALMEIDA SANTOS**
A última década, a despeito de o Brasil ter avançado na economia, de ter conquistado maior respeitabilidade na arena internacional, de até ter minimamente alterado alguns indicadores sociais de pobreza, foi também uma década de grandes violações dos Direitos Humanos.
Era de se esperar – e se esperou demais – que, com a ascensão de Lula ao posto maior da política brasileira, com todos os avanços institucionais, embates e conquistas das décadas anteriores, como a luta das Diretas Já, a anistia aos presos políticos, a Constituição de 1988, as eleições diretas, o impeachment de Fernando Collor, enfim, o Brasil, Estado Democrático de Direito, agora com Lula presidente, teria todas as condições de avançar também na efetivação dos Direito Humanos. Afinal, o companheiro Lula havia sido forjado na luta, nessa mesma luta de todos/as nós, dos sindicatos, das cooperativas, das pastorais sociais, das Comunidades Eclesiais de Base, do Partido dos Trabalhadores; e o Brasil, portador de um passivo enorme com a cidadania, mas com uma constituição das mais avançadas do mundo, signatário de todos os tratados internacionais de garantia e efetivação dos Direitos Humanos, tinha o ordenamento jurídico, as condições necessárias para, na democracia, efetivar direitos na vida dos/as brasileiros/as. A esperança tinha mesmo que vencer o medo.
No entanto, na contramão dessa esperança, veio também o PAC – Programa de Aceleração do Crescimento, veio também o PACto pela República, reunindo representantes dos três altos poderes do Estado: Lula pela presidência da República, Gilmar Mendes pelo Supremo Tribunal Federal e José Sarney pelo Senado, a mais alta câmara legislativa do país. A ideia ali era agilizar o Estado brasileiro em vista de avançar com o chamado desenvolvimento, tirar as amarras, os empecilhos, limpar os caminhos para o crescimento do país.
Uma mente mais ingênua ou, digamos, mais generosa poderia até imaginar um esforço conjunto dos poderes da República para dar celeridade aos milhares de processos estacionados anos a fio nas mesas dos juízes, de preparar o Poder Judiciário para efetivação dos Direitos Humanos; de criar as condições para o executivo garantir mais recursos para as políticas sociais; agilizar e aprimorar os mecanismos de combate à corrupção, em vista de efetivar as políticas públicas e os Direitos Humanos, enfim. Ledo engano, a aludida harmonia entre os poderes, retórica do tal pacto, tem gerado muita desarmonia entre os mais empobrecidos, vulnerabilizando ainda mais suas condições de vida.
De lá para cá, em escala geométrica aos grandes investimentos do PAC em grandes obras e grandes projetos, tem se verificado, o crescimento da violência institucional contra a juventude, contra os movimentos sociais e, especialmente, contra as comunidades tradicionais. Quilombolas, povos indígenas, ribeirinhos, quebradeiras de coco, extrativistas, dentre outros segmentos, tem experimentado no dia-a-dia, sol a sol, o sabor do PACto. Deslocamentos compulsórios de suas áreas para instalação de usinas hidrelétricas, termelétricas e refinarias; despejos de comunidades inteiras do seu chão em favor de grandes empreendimentos; criminalização das lideranças populares. Para isso o Poder Judiciário tem prontamente cumprido seu papel no PACto: tem sido ágil e diligente. No entanto, é incapaz de fiscalizar os cartórios, onde se fabricam falsas escrituras de terras para “legalizar” os despejos de famílias e comunidades.
E assim segue o Brasil, com seus PACtos em busca do crescimento, produzindo violações em larga escala.
Ao mesmo tempo, o chamado pacto federativo, que estabelece responsabilidades dos entes federados – União, estados e municípios – na efetivação das políticas públicas, ainda que os marcos legais do país sejam favoráveis aos Direitos Humanos, não tem sido capaz de assegurar a efetividade desses direitos na vida das pessoas. O quadro de colapso da educação, da saúde e da segurança pública, por exemplo, já revelam uma situação de profunda violação dos Direitos Humanos em todas as regiões do país. Não se trata de escassez de recursos. Nunca se arrecadou tanto, nunca se pagou tanto os juros da dívida. Ainda assim, nunca se transferiu tanto dinheiro para as administrações municipais, sem que isso, no entanto, se efetive em direitos assegurados nas cidades, bairros e comunidades.
Algo parece estar errado. As organizações não governamentais parecem ter sucumbido à agenda do governo. E este, parece voltado à outra lógica que não a do avanço dos Direitos Humanos. A agenda global impôs ao Brasil outra escolha, outro caminho, o do crescimento econômico, ainda que isso signifique o sacrifício de milhares de homens e mulheres deste país.
É necessário compreender que se vive uma nova ordem, uma nova época. O século XXI nos apresenta um conjunto grande de novos desafios, no bojo de uma extraordinária contradição: se por um lado as políticas da globalização econômica ajudaram a aumentar a pobreza e a desigualdade no mundo, inclusive nos países do bloco dos chamados desenvolvidos, por outro, as transformações tecnológicas e comunicacionais desse processo colocou realidades culturais distintas, antes distantes, agora bem próximas e às vezes em oposição.
E aí entram os elementos novos, a necessidade premente de se pensar o Estado, a Sociedade, a partir da lógica da multiculturalidade e da interculturalidade, discutir os marcos legais, os padrões normativos, a partir dessas novas necessidades em um mundo, em sociedades e até em comunidades cada vez mais multiculturais, complexas e conflitantes, cujas normas e instituições vigentes, arcaicas, conservadoras, já não respondem.
Como discutir e construir novas perspectivas ou critérios de justiça junto a grupos socioculturais distintos, frente aos padrões de desenvolvimento em curso, aos PACtos da República?
Como diz o sociólogo Boaventura de Sousa Santos, é preciso criar inteligibilidade entre os diferentes excluídos, entre os violados em seus direitos; alimentar e apoiar estratégias de mobilização a partir do local, dos territórios, fortalecendo redes de solidariedade territoriais, regionais, nacionais e continentais.
Portanto, na atual situação, urge maior capacidade de mobilizações, em vista de forçar mais a porta do Estado, de alterar os padrões normativos nessa nova época. E isso exige a incorporação dos direitos culturais, impõe a construção de uma nova cultura política, de pressão e incidência, de autonomia popular sobre os governos e o Estado.
É necessário se pensar novas ferramentas de participação, a construção de novos espaços de incidência política. É imperativo e contemporâneo democratizar e reinventar as instituições jurisdicionais, absolutamente anacrônicas, enfrentando sua soberba, seu distanciamento da realidade.
Aproximar-se distanciadamente do Estado, sem submeter-se a nenhum tipo de dominação. Inverter a agenda para a inversão de prioridades, deixando valer a cultura dos direitos, a cultura da emancipação. E trabalhar na perspectiva dos Direitos Humanos é adotar princípios éticos baseados na vida, nas necessidades, nas experiências, vivências e acúmulos históricos dos seres humanos. E nisso cada grupo, cada comunidade tradicional, cada povo, tem muito a nos ensinar!
* Artigo escrito para o caderno do IV Congresso e XVIII Assembléia Nacional da Cáritas Brasileira **Sociólogo, radialista, secretário executivo da Cáritas Brasileira Regional Maranhão
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Audiência pública marcará encerramento da III Marcha do Povo Contra a Corrupção e Pela Vida
Dossiês denunciando improbidade administrativa e malversação do dinheiro público em 10 municípios maranhenses serão entregues a autoridades
Mais de 1.500 pessoas marcharão amanhã (7) pelas ruas de São Luís denunciando a corrupção. A partir das 8h, com concentração no retorno do Tirirical, acontece a III Marcha do Povo Contra a Corrupção e Pela Vida. Os Fóruns e Redes de Cidadania do Maranhão consolidaram 10 dossiês em que comprovam atos de corrupção e improbidade administrativa por gestores municipais: em Anajatuba, Belágua, Jatobá, Lago dos Rodrigues, Monção, Presidente Vargas, Santa Luzia, São Benedito do Rio Preto, São João do Caru e Vargem Grande auditorias populares deram conta de malversação de dinheiro público, entre outros ilícitos.
As denúncias serão apresentadas às autoridades presentes, entre as quais representantes do Ministério Público (estadual e federal), Controladoria Geral da União e Polícia Rodoviária Federal. A documentação foi colhida por núcleos regionais dos Fóruns e Redes. “São auditorias populares, mas os dossiês trazem provas de desvio de recursos públicos, de negação de políticas públicas, enfim, de violações de direitos humanos”, explica Iriomar Teixeira, assessor jurídico dos Fóruns e Redes.
Além dos marchantes, confirmaram presença na caminhada e na audiência pública que será realizada após a mesma representantes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Movimento Força Tarefa (do Piauí) e da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Maranhão (OAB/MA). Também participam as entidades que apóiam a iniciativa: Associação de Saúde da Periferia (ASP/MA) e Cáritas Brasileira Regional Maranhão. A promotora de justiça Nayma Abas (membro do Ministério Público estadual) é outra que vem somar forças: “Trata-se de um momento ímpar na história do Maranhão, na luta contra a corrupção”, declarou à época do lançamento da III Marcha.
A III Marcha terá o seguinte percurso: saída da rotatória do Tirirical, Avenida dos Franceses, Avenida Getúlio Vargas, Centro, Praça da Bíblia e novamente Avenida Getúlio Vargas, até o IFMA, cujo auditório receberá a audiência pública marcada para as 14h.
[TEXTO:ASCOM – CÁRITAS]
Zema Ribeiro
(98) 8888 3722 (Oi)
(98) 8213 9107 (Tim)
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